O Clube de Criação de São Paulo (CCSP) lança nesta semana o 36º. Anuário de Criação. O livro traz a seleção da melhor propaganda realizada no ano, julgada por profissionais da área. E, de quebra, coloca em discussão um assunto polêmico: a burocracia excessiva, inimiga da atividade de criação.
A escolha do tema e a execução do projeto do livro são assinadas pelo diretor de arte João Linneu, que fez uma arqueologia das formas mais diversas de documentos que circulam – ou já circularam nos corredores do mundo corporativo. O resultado é um calhamaço de mais de 600 páginas, com a capa que lembra um arquivo morto, recheado de preciosidades como formulários datilografados, carimbos diversos, impressões matriciais, tipografia, papéis de gramaturas distintas, recibos em três vias entremeados por papel carbono, vistos, correções, autenticações em cartório, impressão em formulário contínuo.
Ao utilizar o farto repertório da burocracia, o livro mostra, com riqueza gráfica e bom humor, o quanto esta prática está infiltrada no mercado publicitário. "Eu quis fazer um Anuário que fosse além da camada de verniz da publicidade", diz Linneu, entusiasmado com a adesão ao tema pelo presidente do CCSP, Eduardo Lima.
"Desta vez, o Anuário servirá não só para homenagear os heróis sobreviventes da propaganda, mas também para falar que o meio está cada vez mais burocrático. O que eu considero mortal para a intuição", diz Lima
De 2.570 peças inscritas, 290 foram selecionadas e receberam prêmios em 16 categorias. A Nike foi premiada como a anunciante do ano e Mauro Perez, um dos profissionais de criação mais premiados da publicidade brasileira, recebeu uma homenagem especial, ao entrar para o Hall da Fama do CCSP.
A publicação, editada há mais de três décadas, é considerada o referencial criativo do mercado publicitário brasileiro. O CCSP, fundado em 1975, é o mais antigo clube de criação do Brasil, que atualmente é presidido pelo publicitário Eduardo Lima, em seu segundo mandato até 2013.
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